A proposta da coluna #DigitalTV aqui no blog #SerMídia é pontuar um espaço importante para o meu principal objeto de estudo: a TV Digital Brasileira. Assunto que venho me dedicando deste 2008, quando ingressei no mestrado em televisão digital da UNESP, em Bauru, São Paulo. Não vou me deter aqui a experiência do mestrado, quem sabe num outro post =], mas quero chamar a sua atenção leitor para um tema que está sendo pouquíssimo discutido na mídia, e que aos poucos vem alterando um dos nossos veículos de comunicação de massa mais observados, consumidos, utilizados: a TV.
Muitas pessoas por aí afirmam que a televisão digital no Brasil não vingou, não está dando certo, não está acontecendo, enfim…! Entretanto, afirmo seguramente que quem tem essas opiniões, infelizmente, vive na ignorância e desconhece a profusão de acontecimentos que vem norteando a digitalização da televisão brasileira já desde a década de 90 no Brasil.
Para você ter uma noção, listo abaixo alguns aspectos que foram gerados pelo longo processo de digitalização da televisão brasileira:
· Questões políticas, econômicas e sociais que levaram a escolha do padrão japonês ISDB-T para transmissão digital no Brasil;
· Pesquisas científicas realizadas para a criação de um sistema próprio de transmissão do sinal digital, o SBTVD-T – Sistema Brasileiro de Televisão Digital Terrestre.
· Decreto 5820 / 2006 – assinado pelo então Presidente Lula – dispositivo que instituiu o SBTVD-T; TODAS as emissoras e retransmissoras de TV do Brasil passaram a ser obrigadas a realizar a mudança de modelos de transmissão e por um período transmitir simultaneamente os sinais analógicos de TV (esse que vc já está acostumado através da antena VHF) e realizar as adequações necessárias para a transmissão do sinal digital, com base no sistema brasileiro;
· Inclusão do conversor digital nos aparelhos de tv, assim como a inclusão do middleware Ginga para interatividade, o que vem dando muito trabalho à indústria de aparelhos eletrônicos;
· Desenvolvimento de conteúdos interativos em nível acadêmico para testes de conteúdos e recepção, assim como trabalhos de pesquisa e desenvolvimento por parte das emissoras de TV, no sentido de observar as novas tecnologias e pensar em modelos de negócios que possam agregar esses serviços comercialmente à televisão;
· Estudos teóricos e práticas de atividades relacionadas ao planejamento, roteirização, captação e edição com foco nas potencialidades geradas pela tecnologia digital de transmissão de tv;
· Etc , etc , etc… é bem looongaaa esta lista!
A TV digital brasileira está em processo de implantação desde dezembro de 2007, quando foi lançada oficialmente no país, a partir de São Paulo. Atualmente, mais de 500 cidades brasileiras possuem emissoras que investiram em equipamentos adequados à digitalização e estão disponibilizando simultaneamente aos telespectadores os sinais analógicos e digitais. O prazo inicial para a mudança determinado pelo Ministério das Comunicações era 2016, quando os antigos canais seriam devolvidos ao órgão. Porém este ano, o governo anunciou que irá iniciar o processo de ‘desligamento’ do sinal analógico já em 2015, tudo será gradativo, outro dia publiquei post sobre essa notícia aqui.
Para VOCÊ, na prática, essa devolução do sinal analógico significa o seguinte: se você mora numa cidade em que as emissoras já estão transmitindo TV digital (verifique!), você terá que se adequar, ou seja, ter um aparelho de TV com o conversor digital e instalar uma antena UHF para receber o sinal digital no seu receptor. Caso contrário, já que o sinal antigo será devolvido, você ficará sem acesso à televisão aberta, isso mesmo, você vai ligar a sua TV e a telinha permanecerá escura, sem qualquer visualização das programações transmitidas pelas emissoras!!!
Num país com mais de 190 milhões de pessoas, em que a televisão está presente em 95% dos domicílios, segundo o censo 2010 do IBGE, fica evidente que pensar a digitalização da TV é também uma questão política e econômica, que vai render ainda muitos embates! Resta saber até quando as discussões acerca da televisão brasileira, sua transmissão digital, assim como sua qualidade (ou falta de) ficarão restritas aos fóruns fechados em entidades políticas ou nos meios virtuais? A partir de quando a imprensa especializada em comunicação e tecnologia digital vai voltar seu foco para este assunto que certamente deverá pegar muita gente de surpresa? Veremos!
Fonte: Nominuto