Num movimento para garantir o desenvolvimento do Ginga, plataforma brasileira de interatividade, os pesquisadores brasileiros envolvidos com o midleware decidiram unir forças e criar o Instituto Ginga. A iniciativa, que é uma homenagem ao professor Luiz Fernando Soares, considerado o ‘pai’ do Ginga e que morreu em setembro do ano passado, envolve cerca de 20 laboratórios distribuídos pelo Brasil e que estão voltados ao desenvolvimento do Ginga.
“O Instituto Ginga é um avanço para garantirmos a sustentabilidade da Tecnologia, que é a única nacional na nossa área com um reconhecimento formal internacional, uma vez que virou padrão mundial para o IPTV na União Internacional de Telecomunicações. Não podemos deixar que, agora, na TV digital, para a qual o Ginga foi formulado, ele não alcance o seu papel”, diz o professor Sérgio Colcher, coordenador do evento e professor do Laboratório TeleMídia, ligado ao Departamento de Informática do CTC/PUC-Rio.
“A morte prematura do professor Luiz Fernando e o momento da TV digital no Brasil permitiram essa união de forças. Especialistas de todo o país estão trabalhando para manter o Ginga mais vivo do que nunca. O professor Luiz Fernando queria a Tecnologia efetivamente voltada para atender a sociedade. E o Ginga faz isso. É o meio de levar serviços públicos e privados para as camadas mais pobres. O canal de retorno é importante, mas não é crucial para disseminar conhecimento nas camadas onde a TV é o único meio de comunicação efetivo”, explica Colcher, em entrevista ao portal Convergência Digital.
O movimento é importante, uma vez que há a intenção de reduzir a presença do Ginga nos conversores que serão distribuídos às classes D e E por conta da migração do sinal analógico para o digital. “Não podemos deixar o Zapper ser o conversor para essa camada da população. O Ginga não é caro. Quem diz que ele encarece o custo do conversor está faltando com a verdade. O Ginga é desenvolvido em plataforma de software livre e tem vários perfis distintos”, afirma o professor Sérgio Colcher.
Segundo ainda o coordenador do Laboratório TeleMídia da PUC/Rio de Janeiro, o Ginga pode ser embutido e usado para a oferta de serviços cobrados para quem pode pagar. “É software livre. Todo mundo pode desenvolver com o Ginga. Foi, aliás, esse diferencial que fez a UIT reconhecer a tecnologia como padrão mundial para o IPTV”, reforça.
Com a estruturação nacional, a próxima reunião do Instituto Ginga está agendada para o dia 19 de fevereiro. A ideia é ter voz ativa na decisão do GIRED, grupo de implementação da TV digital para garantir a presença do Ginga nos conversores para aproximadamente 14 milhões de pessoas na primeira etapa da digitalização. “O adiamento do cronograma nos permite trabalhar. Mostrar que a Academia está próxima do Governo e que o Ginga é um meio de política social. É a Tecnologia fazendo algo concreto para a sociedade que precisa”, finaliza Colcher.
Fonte: FNDC