A digitalização da TV ainda está muito distante da realidade dos seis milhões de lares da cidade de São Paulo. Essa é a constatação de um estudo realizado pelo Fórum SBTVD e apresentado na SET Expo. O estudo diz que 51% dos lares paulistanos dependem da TV aberta para assistir a TV e apenas 9% desses lares têm TVs com o sinal digital. “Temos muito para trabalhar e essa é a prova”, diz David Britto, do Fórum SBTVD. Dados dão conta que, no ano passado, existiam 20 milhões de TVs com Ginga no país.
O levantamento do Fórum SBTVD mostra ainda que a política do governo de distribuição de conversores, inicialmente com alvo nos beneficiários do Bolsa Família e a distribuição de 14 milhões de conversores, tem uma razão de ser. E mais: como aconteceu em 2007, quando os fabricantes de TVs resistiram à ideia dos conversores e do próprio uso do Ginga, o sistema de interatividade desenvolvido no Brasil, hoje também há arestas para serem aparadas nessa área.
Ao participar de painel sobre o edital 700 MHz, o vice-presidente da Samsung, Benjamin Sicsú, revelou a preocupação dos fabricantes, que embutem o conversor nos aparelhos de TVs, deixou claro a sua não tão boa vontade de ter os conversores como política estratégica.”Nosso setor sempre acreditou que a melhor solução para chegar aos 93% é com o equipamento final (televisores completos). Não acreditamos que seja através da digitalização de equipamentos analógicos”.
Sicsú foi além. “Precisamos pensar bem no modelo a ser adotado. Quem comprou TVs no último ano, vai ter que trocar a sua? Vai ter que comprar um conversor? Temos que pensar que as TVs têm conversores com Ginga embutidos. Esses conversores podem e devem ser usados”, disse. A disputa fica clara como o foi em 2007, quando os fabricantes de TVs decidiram colocar conversores embutidos, com as suas versões do Ginga e com pouco uso efetivo pelo consumidor.
A estratégia do conversor para as TVs mais antigas acabou sendo posta de lado, uma vez que o custo também não chegou ao pretendido à época pelo governo – R$ 250,00. Neste novo conceito de conversores, o custo está sendo repassado para as operadoras de telecomunicações – em especial para o programa Bolsa Família. Mas há a preocupação com quem não faz parte desse projeto.
“Há muitos brasileiros que têm TVs antigas e não estão no Bolsa Família. Os conversores podem ser uma saída, mas temos que pensar no filtro. Eu estou acreditando que a ‘máxima do Bernardo’ será cumprida: não haverá tela preta por conta da interferência do 4G. Mas acho que o ritmo de migração está sendo acelerado demais. A TV está em qualquer lugar do Brasil. O celular não”, destacou o vice-presidente do Grupo Bandeirantes, Walter Ceneviva
Fonte: Convergência Digital