A indústria de televisores no país – em sua maioria, estrangeira – tem colocado uma série de empecilhos para o uso da tecnologia nacional do software para a TV digital, o nosso Ginga padrão C, que foi adotado pelo Gired (comitê de implantação da TV digital no país) há duas semanas, e cuja adoção foi defendida pelo ministro das Comunicações, Ricardo Berzoini.
Pois hoje, 3/6, em reunião do comitê técnico do Forum Brasileiro de TV Digital (que congrega governo, radiodifusores e fabricantes), o representante de uma dessas marcas fez ameaças contra a tecnologia nacional, dizendo, inclusive, que vai “melar” o processo. O fórum vai deliberar sobre a especificação técnica do Ginga C no próximo dia 8 de junho, em Brasília. Este prazo é exíguo porque as operadoras de telecom, que vão comprar os 14 milhões de conversores de TV analógica para digital para serem distribuídos às famílias do Bolsa-Família, precisam que os fabricantes forneçam os preços dessas caixinhas que vão ser adquiridas e se programem para viabilizá-las.
O destempero de alguns executivos obviamente está vinculado a este enorme mercado que será criado. Há pelo menos 10 fabricantes cadastrados pelo Gired com intenção de fabricar os conversores definidos pelo governo. Quem não quer um mercado de 14 milhões de caixinhas, a um preço de pelo menos US$ 36 por unidade? O problema principal é que, devido à disputa por mercado, certos executivos querem usar sua força política para diminuir a desvantagem de não ter acreditado na adoção da tecnologia nacional.
O Ministério das Comunicações vê esta disputa como apenas mais uma pressão devido ao enorme mercado que será gerado. Fontes do ministério asseguram que a decisão sobre a interatividade e o Ginga C, que irá permitir a inclusão social da TV digital brasileira, não é uma posição setorial, mas uma posição de governo.
Fonte: FNDC