O professor Luiz Fernando Soares, da PUC-RJ, um dos pais do Ginga, o middleware brasileiro para TV Digital, participa nesta terça-feira, em Brasília, do seminário promovido pela Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática da Câmara para debater o processo de implantação do SBTVD. O presidente da Comissão, deputado Walter Pinheiro (PT-BA), quer avaliar tudo o que já foi feito até agora e identificar os problemas que ainda precisam ser enfrentados. Em especial, com relação à real possibilidade de interatividade.
Na última conversa que tivemos, semana passada, durante o Free Software Rio 2008, no Rio, o professor Luiz Fernando estava preocupado com os rumos que as discussões em torno do Ginga-J andam tomando.
“Tem duas coisas no movimento pelo Java que eu, particularmente, não gosto. Nada contra o Java. O Java é bom. Do Java eu gosto. O que está por trás desse movimento em torno do Java é que preocupa, porque pode ser ruim”, explica Luiz Fernando.
Primeiro ponto negativo: o atraso que a movimento pelo Java está provocando no processo da interatividade. “Podemos, sim fazer muita coisa só com NCL/Lua. Todo mundo sabe disso. mas parece que não sabe”, afirma Luiz Fernando. Segundo ponto negativo: a vantagem competitiva que o Java dará a algumas empresas, prejudicando todo o ecossistema.
“Por isso, vou entrar agora em uma campanha muito grande pelo desenvolvimento de aplicações NCL/Lua, até para contrabalançar um pouco este movimento que vem do Java”, diz Luiz Fernando.
A campanha começou com o lançamento do Live CD, semana passada, durante II Encontro da Comunidade Ginga. O Ginga Live CD é uma distribuição do sistema operacional Linux auto-contido em um CD, capaz de ser inicializado, utilizado e encerrado sem a necessidade de instalação do sistema, configurações de hardware e outras tarefas avançadas. O objetivo é oferecer um ambiente de testes de aplicações NCL e NCLua com opções para busca de conteúdo a partir de diversas fontes. Em especial, o site Clube NCL (https://clube.ncl.org.br).
Luiz Fernando chama a atenção também para outro ponto até aqui pouco comentado. “Será que ninguém se preocupa com o software que está entrando na casa de todo mundo? Com Java, você desenvolve a aplicação, ninguém vê e ninguém pode copiar. Com o Ginga NCL a aplicação está ali, na cara, todo mundo vê, você não tem como esconder”, diz.
“Isso é muito importante, porque com a interatividade vamos estar coletando como o telespectador age, como ele interage. Será que o telespectador não vai querer saber como isso está acontecendo?”, provoca Luiz Fernando. “Por o foco no Java esconde todos esses outros lados”, afirma o professor.
O seminário
Previsto para começar às 9h30, o seminário “TV Digital no Brasil: Os desafios para a consolidação da audiência em 2009” será dividido em três painéis:
– o Industrial, moderado pelo Secretário de Tecnologia Industrial do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Francelino Grando, com participação do diretor da Lienar, Carlos Alberto Fructuoso, do vice-presidente de Novos Negócios da Samsung para a América Latina, Benjamin Sicsú e pelo vice-presidente da Toshiba do Brasil, Caio Ortiz;
– o de Tecnologia, moderado pelo Secretário de Política de Informática do Ministério da Ciência e Tecnologia, Augusto César Gadelha, com participação da Presidente da Sociedade Brasileira de Engenharia de Televisão (SET), Liliana Nakonechnyj, o diretor de Inclusão e TV Digital do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações (CPqD), Juliano Castilho Dall Antonia, o diretor da RF Telavo, Almir Ferreira e o Professor do Departamento de Informática da PUC-Rio, Luiz Fernando Soares;
– e o de Governamental, moderado pelo Secretário de Telecomunicações do Ministério das Comunicações, Roberto Pinto Martins, com participação do Assessor especial da Casa Civil da Presidência da República, André Barbosa Filho, Secretária da Receita Federal do Brasil, Lina Maria Vieira, o Superintendente de Serviços de Comunicação de Massa da Anatel, Ara Apkar Minassian e o presidente do Fórum SBTVD, Frederico Nogueira.
Fonte: Convergência Digital