As emissoras comerciais usaram uma audiência pública promovida pelo Senado Federal nesta terça, 2/6, para alertar que ainda temem um “apagão” da televisão a partir do próximo ano, quando o calendário do desligamento dos sinais analógicos alcança grandes metrópoles do país.
“O que nos preocupa é que mais da metade da população brasileira ainda tem televisão de tubo em casa. E nem as primeiras tevês de tela plana já conseguem captar o sinal digital e precisariam do conversor”, disse o presidente da Abratel (leia-se, Rede Record), Luiz Cláudio Costa.
Como lembra o executivo, embora o processo de migração preveja a distribuição de conversores para até 14 milhões de beneficiários do Bolsa Família – que, portanto, poderão ter acesso à programação digital mesmo com aparelhos mais antigos – esse esforço ainda deixa muitos brasileiros de fora.
“Tem uma faixa da população que não faz parte do Bolsa família, mas que também não tem condições de trocar sua televisão. Essas famílias não vão ter dinheiro, ou na lista de suas prioridades, não terão condições de comprar um conversor digital ou um televisor”, afirmou Costa.
Nas contas das emissoras, 15 milhões de aparelhos de televisão são vendidos no Brasil a cada ano. Nesse ritmo, uma razoável parcela dos domicílios já está apto a receber os sinais digitais – a penetração dos equipamentos com acesso ao sinal digital passou de 2%, em 2010 e deve chegar a 54,5% até o fim deste ano – cerca de 62,8 milhões de aparelhos.
O diretor-geral da Abert (Globo e SBT), Luis Roberto Antonik, destaca ainda uma fonte adicional de preocupação: o edital da faixa de 700 MHz, que impôs às teles móveis a obrigação de distribuir os conversores e antenas aos mais pobres, não deixa expresso a instalação dos equipamentos.
“O edital não prevê instalação, o que vai exigir uma campanha muito competente para que as pessoas instalem antenas e conversores. E ainda temos um megadesafio de dotar os domicílios de antenas externas, menos suscetíveis às interferências que o LTE 4G provoca na TV Digital no mundo inteiro”, disse Antonik. “Vai ser um stress”, emendou.
As datas de desligamento estão próximas. Depois da cidade goiana de Rio Verde, em novembro deste ano, o calendário prevê o fim das transmissões analógicas em Brasília em abril do próximo ano, seguida de São Paulo, em maio, Belo Horizonte, em junho, Goiânia, em agosto, e Rio de Janeiro, em novembro.
Fonte: Convergência Digital