Diferentes ministérios alegaram estar criando apps para a interatividade da TV digital, e o TCU ameaçava cobrar resultados. E Kassab não quis criar dois tipos distintos de público.
Aconteceu o imponderável. Hoje, o Gired, grupo que conduz a transição da TV digital aprovou, por consenso (sic) a nova versão do conversor digital que será distribuída, a partir de São Paulo, para todos os elegíveis a receberem essa caixinha com capacidade para a interatividade, pois virá com o software nacional embutido, o Ginga C.
Embora mais simples do que os planos originais, para caber no orçamento das operadoras de celular que pagam a conta (não terá saída HDMI, ou seja, não permitirá acesso à alta resolução dos sinais de TV digital) ela será uma versão bem mais aprimorada do que as operadoras de celular e as emissoras de radiodifusão comercial queriam. A caixinha com o ginga C já tinha sido descartado por esses dois segmentos do mercado e a sua tese tinha recebido apoio do ex-ministro das Comunicações, Andre Figueiredo, que havia decidido manter o software nacional nos equipamentos que seriam distribuídos apenas para os integrantes do Bolsa Família, e não para as famílias do Cadastro Único, um universo muito maior. “Aprovamos essa configuração com ressalvas, pois do ponto de vista das operadoras, não seria a melhor opção”, afirmou o presidente da EAD (ou Seja digital), a empresa que conduz a transição, Antonio Carlos Martelletto, diretor geral.
A proposta foi aprovada hoje assim porque o grupo foi informado que amanhã, 12, o ministro Kassab publica portaria confirmando que o conversor deve ter a interatividade (conforme portaria do Ginga C publicada pelo então ministro petista, Ricardo Berzoini) e que deve ser distribuída igualmente tanto para as famílias do Bolsa Família, como do Cadastro Único. Para André Barbosa, ex-diretor da EBC, que até a reunião de hoje, parecia voz isolada clamando no deserto de surdos sobre as vantagens do Ginga C, a reviravolta na decisão foi “uma conjunção de bons fluidos”, como a queda do dólar, que permitiu a agregação de novos componentes no conversor, a atuação da Anatel, e de demais integrantes do governo, como Cultura, Ministério do Desenvolvimento Social e TCU.
Na verdade, há mesmo uma grande perspectiva deste governo em se apropriar das vantagens que um programa de interatividade social – pelas ondas da TV pública- pode proporcionar. As emissoras comerciais queriam também que fosse distribuído apenas o conversor zapper, sem qualquer chance de programas interativos, para poder sobrar mais recursos para si próprias e a transição de seus sinais.
Com esse novo modelo, 256 MB de memória RAM, 2 GB de memória Flash e 2 USB, o preço da caixa sem internalizar no Brasil, (FOB),sai por US$ 15,8 estima a EAD, e será distribuída para cerca de 12 milhões de famílias, já que diminuiu o número de cidades que terão as TVs desligadas.
Fonte: Tele Síntese