A Associação Nacional Sul-Africana de Fábricas em Componentes Eletrônicos (Namec) e o Fórum Brasileiro de TV Digital firmaram um protocolo de intenções para estabelecer o compromisso de capacitação de técnicos e empresas africanas caso o país adote o ISDB-T (Integrated Services Digital Broadcasting Terrestrial).
O acordo foi fechado durante a visita de uma delegação brasileira, formada pelo Ministério das Comunicações e integrantes da iniciativa privada, à África do Sul na semana passada. “A ideia foi mostrar que as pequenas e médias empresas da África do Sul podem ser capacitadas para fabricar equipamentos eletrônicos e produzir conteúdo para a TV Digital.
Assim, elas seriam capazes de participar da cadeia de valor da TV Digital, gerar mais empregos e ajudar a fortalecer a economia do país caso o ISDB-T seja adotado”, explicou o representante do Minicom na comitiva, Flávio Lenz.
Pela carta de intenções, os empresários se comprometeram a trabalhar pela adesão da África do Sul ao padrão nipo-brasileiro. Em troca, recebem o apoio do Brasil por meio de treinamentos e consultorias técnicas. Os 15 países da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC) já tinham definido preferência pelo padrão europeu (DVB), mas este ano resolveram reabrir o processo de decisão e avaliar padrão ISDB-T.
Além de órgãos do governo sul-africano, a delegação brasileira se encontrou também com radiodifusores locais. Na África do Sul, há seis canais de TV. Três deles são estatais e fazem parte da rede SABC. Outros dois, da rede M-NET, são fechados, por assinatura. O último canal é o ETV, privado e aberto. Os principais opositores à troca do sistema de transmissão dos sinais digitais são os radiodifusores privados. A visita da delegação brasileira tentou estreitar as relações e mostrar que eles também podem ser beneficiados com o ISDB-T.
A comitiva brasileira aproveitou a viagem para rebater os argumentos contrários ao ISDB-T diante imprensa sul-africana. De acordo com os integrantes da delegação, a ideia de que o conversor digital seria mais barato no sistema europeu é falsa. A explicação para isso é técnica: aliado ao padrão europeu, a África do Sul havia decidido pela tecnologia MPEG-4, método de compressão de áudio e vídeo usado no Brasil (e, segundo os técnicos, duas vezes mais eficiente que o MPEG-2, adotado na Europa). Essa combinação, no entanto, praticamente não existe em nenhum outro lugar do mundo. Portanto, não haveria conversores produzidos em escala suficiente para baratear os preços ao consumidor sul-africano.
Outro argumento usado pelos brasileiros: se a África do Sul adotasse o ISDB-T da forma como o Brasil está propondo, as transmissões poderiam ser também em alta definição tanto para a TV aberta quanto para os canais pagos. Hoje, a escolha sul-africana é pelo sistema de transmissão em baixa definição. Os sinais em alta definição só ficariam disponíveis para quem tivesse condições econômicas de pagar a uma TV por assinatura.
A decisão da África do Sul e dos demais países da SADC pelo padrão de TV Digital a ser adotado na região deve sair ainda este ano. A reunião de ministros da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral está marcada para novembro.
Fonte: Convergência Digital