O DVB, da Europa, levou vantagem sobre o SBTVD, padrão nipo-brasileiro, na África. Em decisão anunciada nesta terça-feira, 23/11, depois de dois dias de reuniões – de técnicos e ministros – a Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral bateu o martelo e endossou a primeira opção já feita pelo padrão europeu, em 2006.
A comunidade vai recomendar aos seus 14 membros que adotem o padrão europeu de TV digital (DVB 2), mas deixa a decisão final para cada país individualmente. A decisão – apesar de contrariar os planos do governo do Brasil e do Japão, que apostavam numa mudança de rumo em função dos projestos ligados ao ISDB-T – não foi encarada como uma derrota pela delegação brasileira que acompanhou as discussões, em Lusaka, na Zâmbia.
“É apenas uma recomendação”, diz o assessor especial da Casa Civil, André Barbosa. “Eles (os europeus) vão cantar vitória, mas os nossos apoiadores – Moçambique, Angola e Botsuana – conseguiram manter a porta aberta para o padrão nipo-brasileiro, o SBTVD, ISDB-T”, acrescentou em entrevista à Agência Brasil.
A maioria dos integrantes da comunidade: África do Sul, Angola, Botsuana, Congo, Lesoto, Madagascar, Malaui, Ilhas Maurício, Moçambique, Namíbia, Suazilândia, Tanzânia, Zâmbia e Zimbábue sinalizou que deve seguir a recomendação. Mas Barbosa acredita que eles podem mudar de ideia se a União Europeia não cumprir com o apoio prometido.
“O DVB 2 é uma nova versão, que só está em uso na Inglaterra. É muita cara e complexa. O conversor custa hoje por volta de 400 euros, o que é inviável para o usuário africano”, declarou. E nesta aposta entra o plano B, que já tinha sido antecipado por Barbosa ao Convergência Digital: ir de país em país com apoio financeiro e técnico para o uso do SBTVD.
Mas fato é que a decisão dos representantes da comunidade da África Astral foi muito influenciada pela maior economia do continente, a África do Sul, que alega já ter feito investimentos desde 2006, quando da primeira sinalização em favor da adoção pelo bloco do padrão europeu, em uma reunião em Genebra (Suíça).
Brasil e Japão já começaram a discutir com seus apoiadores a realização de mais testes de campo. “O uso da tecnologia, na prática, pela população, será decisiva”, afirma Barbosa. “Vamos fazer testes em Maputo (Moçambique), Luanda (Angola) e Gaborone (Botsuana), com set-up boxes (conversores) e celulares”. Japoneses e brasileiros reúnem-se na semana que vem, em Tóquio, para tratar dos próximos passos a serem adotados.
Fonte: Convergência Digital