Em cinco anos de implantação, digitalização da TV aberta terrestre terá cronograma antecipado ou adiado conforme a expansão
O Sistema Brasileiro de TV Digital Terrestre (SBTVD-T), inaugurado em São Paulo ao final de 2007, já chega a 47% da população do País, ante os 38% de penetração da internet, conforme dados de maio deste ano apresentados pelo CTO da TQTVD, David Britto, durante a realização da SET Broadcast & Cable, esta semana, em São Paulo. O SBTVD-T já cobre todas as capitais do Brasil e, nos estados do Rio de Janeiro e São Paulo, ultrapassa os 70% de cobertura.
Os dois grandes eventos esportivos que o Brasil sediará – a Copa do Mundo em 2014 e os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro em 2016 – deverão alavancar ainda mais o avanço da TV digital, com o aumento das vendas de aparelhos de tela plana e de set-top boxes. A interatividade da TV digital, ou DTVi (antigo Ginga), começa a deslanchar no País e a previsão, segundo Britto, é que até o final deste ano, 5 milhões de aparelhos equipados com esse dispositivo sejam vendidos. Em 2014, serão 26 milhões de aparelhos com DTVi comercializados e, em 2016, as estimativas apontam para 54 milhões de equipamentos (TVs e set-top boxes) interativos.
No lançamento da TV digital, o governo federal divulgou também o cronograma de implantação do sistema. Por esse cronograma, a transmissão analógica teria um prazo de dez anos para ser desligada. Até 2016 – precisamente no dia 29 de junho -, os padrões analógico e digital seriam transmitidos simultaneamente e, em julho de 2013, as outorgas de novos canais somente serão feitas para transmissão digital.
No entanto, a demanda do consumidor e o processo de digitalização das cabeças-de-rede (25 emissoras no País), das geradoras e retransmissoras mudará esse cronograma e as grandes cidades deverão antecipar o apagão analógico para 2015. São mais de 10 mil emissoras em todo o Brasil, das quais pouco mais de 1 mil estão digitalizadas. A Grande SP, por exemplo, poderá ter o sistema desligado em março de 2015. Por outro lado, localidades mais extremas deverão postergar a implantação do sistema analógico e a previsão de desligamento em 2016 poderá ser estendida para mais de 3 mil cidades para 2017.
Padrão global
Enquanto o Brasil ainda avança com a TV digital, radiodifusores, governo e fabricantes já começam a debater o padrão que substituirá o SBTVD. Em foco, está o padrão global para TV digital. O diretor de rede e assuntos regulatórios do SBT, Roberto Franco, destacou, durante o congresso da SET Broadcast & Cable que, dentre as plataformas, a TV aberta é a única no mundo que não permite a recepção de emissoras locais em qualquer lugar do globo. O celular, embora não disponha de um padrão único mundial, contorna esse problema com os acordos de roaming entre as operadoras. Mas, atualmente, é impossível captar a programação de uma emissora aberta brasileira na Europa, por exemplo.
“Será uma TV sem fronteiras, que faz a convergência entre o broadcast e o broadband, num padrão que unifica a próxima geração da TV terrestre”, define a presidente da SET e diretora de engenharia da TV Globo, Liliana Nakonechnyj. O debate sobre o padrão a ser adotado já começou e, assim como ocorreu com a própria TV digital no Brasil e com a telefonia celular, há vários sistemas em debate. Mas, como cenário evolutivo, as tendências apontam que esse novo padrão universal terá ultra definição e super-alta definição, nos padrões 4k (resolução de 4.096 x 2.160 pixels ante os televisores atuais de 1.920 x 1.080 pixels), 8k (resolução de 7.680 x 4.320 pixels, o que corresponde a 16 vezes a resolução full HD atual); 3DTV, displays maiores e compressão mais eficaz. Aparelhos com resolução 4k já estão disponíveis no Japão, que também já testa televisores 8k.
Fonte: FNDC