jun 09

A distribuição de conversores de TV Digital não se trata, como pode parecer, de alguma benesse, mas de uma necessidade econômica de radiodifusores das operadoras de telefonia celular

Cerca de 14 milhões de conversores de TV digital serão distribuídos gratuitamente para beneficiários de programas de transferência de renda (como o Bolsa Família), que provavelmente ainda não possuem aparelhos de TV capazes de captar o sinal digital.

Não se trata, como pode parecer, de alguma benesse, mas de uma necessidade econômica de radiodifusores (desejosos de encerrar suas transmissões analógicas) e, principalmente, das operadoras de telefonia celular (que precisam de parte do espectro atualmente alocado para o UHF para vender serviços de 4G). E para que o sinal analógico possa ser desligado, o Governo Federal definiu que mais de 93% dos brasileiros devem estar aptos a captar o sinal digital. Daí a necessidade de distribuir os conversores para as camadas mais pobres.

O governo tem argumentado que há um ganho nesse processo, na medida em que todos os conversores terão embarcados o middleware brasileiro Ginga. Ele funciona como uma espécie de sistema operacional, onde aplicativos são instalados e utilizados nas TVs. Seria uma forma de garantir a tal interatividade prevista na implantação da TV aberta digital, mas que até hoje continua sendo mera esperança.

Mas será mesmo que ter o Ginga nos conversores resolve o problema? Na verdade, a definição do modelo de conversor foi fruto de uma intensa batalha dentro do Grupo de Implantação do Processo de Redistribuição e Digitalização de Canais de TV e RTV (Gired). O Grupo era constituído pela Anatel e pelas empresas de telefonia e de radiodifusão. Ao final, saiu vencedora a posição de radiodifusores e operadoras de telefonia celular, a despeito da versão que o governo se esforça em contar.

As teles terão que pagar a conta desses conversores (para poderem usar o espectro de 4G), mas não estavam interessadas em gastar muito. Os radiodifusores sempre deixaram claro que veem a interatividade como um inimigo capaz de lhe impor evasão de audiência e risco de perda de anunciantes. Quanto mais unidirecional for a TV, maior controle o radiodifusor tem da audiência. Foi assim que a interatividade acabou “esquecida” na implantação da TV digital, em 2006, e ocorre agora da mesma forma.

Os defensores da proposta do Gired argumentam que há apenas “pequenos problemas” a serem resolvidos. Mas, quais seriam, então, esses pequenos problemas?

Em primeiro lugar, os conversores não virão com um modem para acesso à internet instalado e tampouco com conexão wi-fi. Ou seja, o beneficiário do Bolsa Família terá que comprar um modem 3G/4G das operadoras de telefonia celular e contratar um plano de internet, ou pagar por um serviço de banda larga fixo. A Pesquisa de Mídia Brasileira de 2015, da Secretária de Comunicação da Presidência da República, mostra que 78% da população brasileira que recebe menos de 1 salário mínimo não tem acessoà internet. Imaginar que essa parcela da população passará a assinar os serviços de internet apenas para conectar a TV Digital é de uma ingenuidade sem tamanho. Ainda mais quando o Plano Nacional de Banda Larga naufraga no país.

Mas, não é apenas esse o problema. O cidadão que conseguir transpor essa evidente barreira de renda se verá diante do fato de que apenas aplicativos autorizados pelas emissoras poderão rodar neste conversor. Trata-se, portanto, de uma interatividade confinada em ambiente totalmente controlado pelas emissoras de televisão. Você pensou em internet? Esqueça!

O que estamos assistindo agora é mais um capítulo da implantação da TV digital aberta no país sob controle total das principais redes de televisão, particularmente a Globo. Foram eles que garantiram que não haveria multiprogramação e operador de rede (e com isso sabotaram uma das principais vantagens da TV digital, que é a compressão do sinal para entrada de novas emissoras). Foram eles que evitaram a interatividade com medo de terem que disputar a audiência também com novos aplicativos. E são eles agora que garantem um simulacro de interatividade, sob os olhares complacentes do Governo Federal. Diga-se de passagem, os fabricantes de aparelhos de TV também ficaram muito felizes por não terem concorrentes para os aplicativos de suas smarTVs.

Mesmo propostas, como o projeto “Brasil 4D”, desenvolvido pela Empresa Brasil de Comunicação, estão em xeque. O projeto oferece serviços de governo eletrônico pela TV Digital. No entanto, sem uma interatividade plena, possibilidades como a marcação de consultas no SUS e o acesso a benefícios do INSS não serão possíveis. Restará a possibilidade de acesso a informações gerais sobre programas de governo, que já podem ser acessadas pela INTERNET e em aplicativos móveis, sem uma interação que beneficie os cidadãos.

Infelizmente, a despeito da propaganda que você terá contato, a distribuição destes conversores não passa de mais uma chance perdida para a efetiva democratização da TV aberta no Brasil. Não há nada o que comemorar.

* Gésio Passos e Gustavo Gindre são integrantes do Intervozes.

Fonte: FNDC

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jun 09

Ginga: Tecnologia nacional para TV digital, Ginga C, é aprovada e vai para os conversores do Bolsa Família

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O Fórum de TV digital – entidade que reúne os radiodifusores, os fabricantes de aparelhos e o mundo acadêmico – aprovou hoje, 8, por maioria de votos, as especificações técnicas do Ginga C, o middleware nacional que permite a interatividade da TV digital. Agora, essas especificações serão colocadas em consulta pública pela ABNT, por 60 dias, para depois serem incorporadas aos conversores de TV a serem distribuídos às famílias do Bolsa Família

As especificações técnicas do Ginga C, o software nacional que permite a interatividade da TV digital, foram hoje,8, aprovadas pelo Forum da TV digita, entidade que reúne os radiodifusores, os fabricantes de aparelhos de recepção e de transmissão e a comunidade acadêmica. Essas especificações vão passar, agora, por consulta pública de 60 dias da ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas -, mas a avaliação é de que haverá poucas mudanças no padrão. Com esta definição, a EAD (empresa operacional da transição analógica /digital) poderá lançar a licitação no mercado para cotar o preço dos 14 milhões de conversores que serão distribuídos aos integrantes do Bolsa Família.

Fonte: FNDC

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jun 09

TV Digital: Fórum da TV digital define hoje (8/6) a especificação técnica do software para que 14 milhões de conversores sejam fabricados e entregues às famílias mais pobres

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A indústria de televisores no país – em sua maioria, estrangeira – tem colocado uma série de empecilhos para o uso da tecnologia nacional do software para a TV digital, o nosso Ginga padrão C, que foi adotado pelo Gired (comitê de implantação da TV digital no país) há duas semanas, e cuja adoção foi defendida pelo ministro das Comunicações, Ricardo Berzoini.

Pois hoje, 3/6, em reunião do comitê técnico do Forum Brasileiro de TV Digital (que congrega governo, radiodifusores e fabricantes), o representante de uma dessas marcas fez ameaças contra a tecnologia nacional, dizendo, inclusive, que vai “melar” o processo. O fórum vai deliberar sobre a especificação técnica do Ginga C no próximo dia 8 de junho, em Brasília. Este prazo é exíguo porque as operadoras de telecom, que vão comprar os 14 milhões de conversores de TV analógica para digital para serem distribuídos às famílias do Bolsa-Família, precisam que os fabricantes forneçam os preços dessas caixinhas que vão ser adquiridas e se programem para viabilizá-las.

O destempero de alguns executivos obviamente está vinculado a este enorme mercado que será criado. Há pelo menos 10 fabricantes cadastrados pelo Gired com intenção de fabricar os conversores definidos pelo governo. Quem não quer um mercado de 14 milhões de caixinhas, a um preço de pelo menos US$ 36 por unidade? O problema principal é que, devido à disputa por mercado, certos executivos querem usar sua força política para diminuir a desvantagem de não ter acreditado na adoção da tecnologia nacional.

O Ministério das Comunicações vê esta disputa como apenas mais uma pressão devido ao enorme mercado que será gerado. Fontes do ministério asseguram que a decisão sobre a interatividade e o Ginga C, que irá permitir a inclusão social da TV digital brasileira, não é uma posição setorial, mas uma posição de governo.

Fonte: FNDC

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jun 03

A inclusão do software Ginga nos conversores fornecidos à população de baixa renda supera a proposta de mera atualização do analógico para o digital e gera uma plataforma de comunicação multimídia

Há muitos anos se fala na necessidade de democratização dos meios de comunicação no Brasil. Os Direitos Humanos (Art. XIX), de 1948, o Pacto de San José da Costa Rica (Art. XIII), de 1969 e o Art. 5, inciso IX de nossa Constituição Federal, de 1988, são em geral invocados para se argumentar em defesa da Liberdade de Expressão, princípio fundamental para o pleno exercício da cidadania em qualquer democracia.

A era analógica da comunicação, no entanto, especialmente no caso do rádio e da televisão, limitou o acesso das pessoas ao espectro radioelétrico por considerá-lo finito, dando primazia a transmissões com maior “qualidade”, confundindo o papel de gestor do Estado com o de proprietário. O resultado deste desvirtuamento foi, historicamente, a criação de dificuldades para permitir o acesso de grupos e pessoas ao campo da comunicação social, notadamente sem fins de lucro, ao invés de garanti-lo.

Partindo da premissa da representação – confirmando uma pretensa limitação técnica –, e não da participação direta de qualquer pessoa ao uso do espectro, a luta pela democratização dos meios se tornou uma bandeira política cujas conquistas podem ser celebradas no que tange aos conteúdos que circulam socialmente, desde emissões comerciais ou de serviços públicos, enfrentando muita resistência no Congresso brasileiro para uma mudança estrutural, que realizasse uma democratização real do acesso à produção, circulação e recepção do discurso social em disputa.

Mas que novo contexto emerge com a digitalização dos meios de comunicação?

A primeira transmissão oficial de TV Digital no Brasil ocorreu em 2 de dezembro de 2007, com um padrão que foi definido após anos de pesquisa, baseado no sistema japonês ISDB-T com modificações nacionais, sendo a principal delas a incorporação do suporte à interatividade através do middleware Ginga.

Mais de 7 anos depois, no dia 15 de maio de 2015, foi decidido pelo grupo responsável pela migração para TV Digital no Brasil, o GIRED (Grupo de Implantação do Processo de Redistribuição e Digitalização de Canais de TV e RTV), que serão distribuídos aproximadamente 14 milhões de conversores interativos de TV Digital para os inscritos no programa Bolsa Família, de forma que pessoas de baixa renda não fiquem sem o serviço de TV aberta – visto que entre 2016 e 2018 as emissões de TV analógica serão gradualmente desligadas.

O sistema de TV Digital brasileiro, graças ao Ginga, permite a interatividade, o que significa que a emissora pode enviar aplicações interativas ao televisor do telespectador, com conteúdo de vídeo não-linear e interativo, possibilitando que as pessoas, de forma não mais passiva, atuem diretamente sobre a programação. Além disso, caso o televisor ou dispositivo de recepção, como um celular com TV ou um conversor digital, tenha conexão com a Internet, é possível que se possa também enviar e receber informações via rede de Internet, possibilitando a interação com outros teleparticipantes, e não mais meros espectadores, sintonizados no mesmo canal. É o que se chama de TV integrada broadcast/broadband (IBB-TV), onde a convergência da TV com a Internet se faz presente.

Atualmente, existem mais de 15 milhões de aparelhos de TV vendidos com suporte ao Ginga. No entanto, as emissoras de TV brasileiras pouco têm utilizado a interatividade, desperdiçando todo o potencial de inclusão social e de democracia participativa que o Ginga permite. Mesmo quando alguma aplicação interativa é transmitida, somente os sinais de algumas capitais a veiculam, visto que muitas retransmissoras e afiliadas não possuem equipamento para retransmissão e geração de aplicações interativas. Sendo um recurso de baixo custo e acessível, espera-se que, muito em breve, os radiodifusores brasileiros tornem essas potencialidades uma realidade.

A instalação de cerca de 14 milhões de conversores de TV Digital nas casas de famílias de baixa renda irá impulsionar sobremaneira uma adesão massiva aos serviços interativos. Dotadas de conversores digitais, que deveriam ser chamados, na verdade, de centrais de mídia, essas famílias poderão continuar a assistir à programação da TV aberta terrestre (como é o caso dos cadastrados do Bolsa Família), passando a contarem também com as possibilidades que a TV Digital Interativa oferece.

Ausência: WiFi e plano de conexão

A grande ausência, no entanto, na entrega dos conversores, é a falta de um plano para conectar esses receptores à Internet. Os cidadãos contemplados pelo receptor com acesso à Internet poderão se valer da interatividade plena da TV Digital, ou seja, com capacidade de não somente receber conteúdo interativo, mas também de enviá-los. No entanto, a compatibilidade dos conversores com modems 3G/4G sugere que, caso o usuário do conversor opte por ter acesso à Internet, ele terá que comprar o modem e um plano de acesso de alguma operadora de telefonia, o que implica em impeditivos de custeio.

O conversor que será distribuído foi desenhado para garantir que, com uma boa configuração, atenda a um novo perfil de receptores dentro das normas do SBTVD, o Sistema Brasileiro de Televisão Digital Terrestre. Esse novo perfil, com denominação C, está definido em emendas a normas ABNT 15606, que estão em análise pelo Fórum do SBTVD. A proposta do perfil C estabelece 512MB de memória RAM, 2GB de memória para armazenamento de aplicações, e prevê que o receptor tenha suporte à execução de um segundo vídeo, ativado por aplicações interativas, e voltado primordialmente para garantir acessibilidade para deficientes auditivos, com aplicativos utilizando Libras, por exemplo.

Para conectividade, o conversor disporá de uma conexão para cabo de rede, e duas portas USB que deverão suportar modem 3G/4G, e bluetooth, onde poderão se conectar teclados sem fio. Outra grande ausência na configuração do receptor, no entanto, é a falta de conectividade WiFi: dado o avanço de projetos do governo como o Cidades Digitais e o Banda Larga para Todos, não vemos sentido em se deixar o WiFi de fora do conversor, em favor do suporte a modem que se conecta a redes de telefonia 3G/4G, que tradicionalmente oferecem um serviço caro e de baixa qualidade. O Ministério da Comunicações, para ser coerente com os próprios projetos, deveria ao menos exigir a presença dos drivers para adaptadores WiFi USB no conversor, uma tecnologia barata que garantiria o acesso e o compartilhamento de conexão à Internet de forma inteligente.

Outro ponto problemático é a execução de aplicativos Ginga a partir de um pendrive USB. O aplicativo terá permissões extremamente limitadas de acesso: por exemplo, o controle remoto não poderá ser utilizado pela aplicação. Somente aplicativos provenientes de emissoras, que serão assinados digitalmente, poderão ser executados e acessar a todos os recursos do Ginga. Esse fato impede que desenvolvedores independentes possam testar uma aplicação interativa diretamente no Ginga do conversor. Uma possível solução seria o governo apresentar um serviço de assinatura digital para certificação de aplicações independentes, ou que o receptor tenha simplesmente uma opção para desativar a verificação de assinaturas (algo como um tipo de preferência de “Modo Desenvolvedor”).

Notamos ainda que nada vem sendo discutido sobre a conformidade dos receptores de TV Digital com as normas do SBTVD, que definem o Ginga e os perfis de receptor. Para esses 14 milhões de conversores serem utilizados em sua plenitude, eles têm de ser 100% aderente às normas, tanto a do Ginga como a do perfil de receptores, no caso aderente ao perfil C. Atualmente, somente uma empresa é responsável pela maior parte do mercado de middleware no Brasil, e devido à ausência de um procedimento de testes de conformidade de receptor no Brasil, existe um risco muito grande de a empresa ganhadora do edital instalar um Ginga incompleto e com extensões proprietárias, e não padronizadas, tal como uma loja exclusiva de venda de aplicativos. Dentre as formas de se resolver o problema, o Fórum do SBTVD poderia estabelecer uma suíte de testes e procedimentos de conformidade; outra seria o conversor vir somente com software livre, o que permitiria, além de uma ampla auditoria, a possibilidade de evolução do software do conversor por qualquer interessado. O sistema operacional utilizado nas caixinhas conversoras, o Linux, é livre.

Centrais de mídia

A despeito dos pequenos problemas que esses 14 milhões de conversores ainda apresentam para o desenvolvimento de uma interatividade plena, em sintonia com o ambiente convergente e voltado para o exercício do direito humano à comunicação, a presença dessas centrais de mídia na casa das pessoas abre imensas possibilidades aos radiodifusores, sejam eles públicos ou comerciais. Emissoras públicas têm agora a possibilidade de iniciarem, por exemplo, projetos de democracia participativa, enquanto as emissoras comerciais poderão reinventar seus anúncios de modo a envolver a audiência com conteúdos interativos imersivos. Com a entrada de novos canais utilizando até 5 programas em multiprogramação, como o Canal da Cidadania e o Canal da Educação, vários tipos de aplicações interativas poderão ser testadas e implementadas utilizando o espectro, e serem transmitidas livre e gratuitamente pelo ar.

Após mais de 7 anos desde a primeira transmissão digital de TV no Brasil, consideramos que a decisão acertada pelo perfil C de conversores a serem distribuídos para a população de baixa renda representa uma verdadeira reinauguração da TV Digital no país, superando finalmente uma proposta de manutenção de uma configuração de TV Digital que não passava da simples atualização tecnológica da TV analógica. Passando agora a funcionar efetivamente como uma plataforma de comunicação multimídia interativa, tal como estabelecida pelo decreto presidencial que instituiu o SBTVD, a tecnologia digital de TV se apresenta muito mais atrativa para garantir a transição do sistema analógico, e, voltada para o acesso cidadão a serviços básicos de informação, promete ajudar a instaurar uma nova geração de tecnologias socialmente justas e economicamente relevantes.

Uma tamanha abertura pretende impulsionar ao mesmo tempo a inovação, dado o caráter livre das tecnologias envolvidas, sugerindo também uma mudança de comportamento, onde passamos de uma relação tradicionalmente passiva diante do meio televisivo para uma outra, muito mais participativa, integrada, interativa. Agora que isso tudo é possível, o que queremos dessa nova tecnologia para o futuro das novas gerações? Vamos todos, afinal, e para começar, teleparticipar?!

* Rafael Diniz é mestrando em Informática pela PUC-Rio e Thiago Novaes é doutorando em Antropologia Social na Universidade de Brasília

Fonte: FNDC

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jun 02

Interatividade: Interatividade plena na TV Digital custaria mais R$ 15 por conversor

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Nas contas da Empresa Brasil de Comunicação, EBC, falta pouco dinheiro – dentro dos valores destinados à digitalização – para garantir canal de retorno aos conversores que serão distribuídos aos brasileiros mais pobres. Para incluir acesso 3G nos equipamentos, haveria um adicional de R$ 15 em cada um, ou um total de R$ 200 milhões.

“Para que tenha um canal de retorno para que a interatividade possa ser plena, para que tenham acesso à mesma rede de internet que a população mais rica e a classe média terá, ainda estão faltando cerca de R$ 15 por caixinha, ou cerca de R$ 200 milhões. Os recursos existem. Estão depositados em juízo pelas operadoras de telecom, mais de R$ 1,5 bi em uma conta na Caixa Econômica”, diz o presidente da EBC, Nelson Breve.

O valor representa pouco mais de 5% dos R$ 3,6 bilhões de orçamento total da Entidade Administradora da Digitalização, a empresa formada pelas teles móveis para financiar e operacionalizar a distribuição de antenas e conversores aos beneficiários do Bolsa Família, além de contratar a publicidade e a pesquisa que vai medir quantos domicílios têm acesso à TV Digital – a meta mínima é 93%.

Emissoras comerciais e as operadoras móveis, no entanto, resistem a essa ideia. O próprio governo, que prometeu interatividade plena nos conversores, concordou com a escolha de aparelhos que não terão canal de retorno. Em nome de que sobrem recursos para publicidade e pesquisa, e que nada ameace uma transição dentro dos R$ 3,6 bilhões, optou-se por interatividade restrita.

A questão, tratada em audiência realizada nesta terça-feira, 2/6, pelo Senado, teve reação nada surpreendente do presidente da EAD, Antonio Carlos Martelleto. Ele, que praticamente não se pronunciou, o fez para sublinhar que “embora seja um orçamento grande, dependendo do que a gente planejar terá consequência para o objetivo final, que é o desligamento da TV analógica até o final de 2018”.

Não por menos, o grupo de implementação da digitalização, ou Gired, definiu que o conversor dos mais pobres custará cerca de US$ 30, quase R$ 100 hoje. No todo, consumindo pouco mais de um terço do orçamento da EAD. É aí que a EBC calcula que incluir o canal de retorno, via modem 3G, custaria US$ 5 a mais. Levaria o custo dos conversores de algo como R$ 1,3 bilhão para R$ 1,5 bilhão.

Ao dizer que os recursos existem, a EBC remete ao Fundo de Contribuição para o Fomento da Radiodifusão Pública, previsto na Lei 11.652/08. Não é um tributo adicional, mas a reserva de 5% do que as teles já pagam anualmente de Fistel. Mas ao discordar de financiar a TV pública, lutam na Justiça desde 2009 contra o pagamento – e desde então fazem o depósito em juízo.

Fonte: Convergência Digital

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jun 02

Anatel: Canal de retorno da TV digital terá de ser pago pelo pobre

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O Ministério das Comunicações e a Anatel dizem desejar e defender a interatividade plena na TV Digital, mas ambos chancelaram a opção das operadoras móveis e das emissoras comerciais de dar aos brasileiros mais pobres equipamentos sem canal de retorno, sem conectividade – o que, por óbvio, limita essa mesma interatividade, para dizer o mínimo.

“O governo tem preocupação que não haja duas tevês, uma para os que tem maior poder aquisitivo, outra para os mais pobres. O governo tem a clara noção de que a conquista da TV Digital deve servir a todos”, declarou o secretario de Comunicação Eletrônica do Minicom, Emiliano José, ao participar de debate na Comissão de Ciência e Tecnologia do Senado, nesta terça, 2/6, mas não voltou atrás da decisão de cobrar pela interatividade de quem não tem condições de pagar.

A Anatel, que se posiciona como a responsável pela presença do Ginga C na especificação do conversor que será distribuído aos beneficiários do Bolsa Família, é ao menos mais direta sobre o impacto da escolha de um equipamento que tem entradas para cabo ou USB – ou seja, para internet fixa ou móvel – mas não inclui a conectividade em si.

Tem-se, como explicou o conselheiro Rodrigo Zerbone, “uma interatividade de dois níveis, mais restrita, em que o telespectador somente tem acesso àquilo que a própria emissora coloca em sua programação. A interatividade plena depende do canal de retorno, que só pode ser alcançado com alguns serviços de telecomunicações, internet fixa ou móvel”.

Como a preocupação do grupo que reúne teles e tevês é com o orçamento da transição, Zerbone reconhece que a conectividade “foi pensada como questão complementar devido a limitação dos recursos alocados para o projeto”. Como insistiu, “os conversores serão preparados para a possibilidade de receber essa interatividade plena, mas o serviço fixo ou móvel tem que ser adquirido pelo telespectador, ou garantido por programa público ou pelo interesse privado”.

É fato que a migração digital – que envolve distribuição de transmissores às emissoras de TV, receptores (conversores) à população carente, publicidade e pesquisa de cobertura – envolve cifras grandes. O orçamento previsto é de R$ 3,6 bilhões. No entanto, quando os custos são mencionados há um aparente subtexto de que o dinheiro é um presente ou foi tomado à força das operadoras de celular.

Para todos os efeitos, esse valor foi na verdade o desconto no preço dos nacos da faixa de 700 MHz que Vivo, Tim, Claro e Algar adquiriram no ano passado. Trata-se de uma fatia especialmente cobiçada do espectro radioelétrico pois permite maior eficiência à oferta acesso móvel à internet – e a um custo muito inferior de implantação do que a atual faixa usada para o 4G, 2,5 GHz.

Se resta evidente que não interessa a nenhum dos envolvidos que o custo da migração ultrapasse os R$ 3,6 bilhões previstos, vale mencionar que governo e Anatel atuam, na prática, como se esse fosse um teto intransponível. Mas não é isso que previa o edital do leilão da faixa de 700 MHz, regras aceitas pelas operadoras que dele participaram.

Lá está expresso que “caso o repasse de valores se mostre insuficiente para a integral execução das atividades [de migração para o sistema digital] o Gired deverá informar ao Conselho Diretor o montante dos recursos faltantes, que deverão ser aportados pelas proponentes vencedoras, com divisão proporcional dos custos de ressarcimento”.

É certo que ainda existem custos que não estão claramente dimensionados – particularmente as pesquisas que vão medir se cada município atingiu o mínimo necessário de 93% de domicílios aptos a receber a TV Digital. Mas até aqui os números indicam que o conversor escolhido, sem conectividade, vai implicar em desembolso de um terço do orçamento total previsto.

Estimativas da EBC sugerem que incluir modems 3G nesses conversores custaria R$ 200 milhões – levando a conta com esses aparelhos para algo perto de R$ 1,5 bilhão. É um bocado de dinheiro, mas vale a lembrança feita no debate pelo senador Walter Pinheiro (PT-BA): “A TV digital não veio só para resolver o problema do chuvisco, mas permitir que a televisão possa interagir, não apenas consultando serviços, mas enviar também”.

Fonte: Convergência Digital

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jun 02

TV digital: Emissoras comerciais ainda temem apagão no país

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As emissoras comerciais usaram uma audiência pública promovida pelo Senado Federal nesta terça, 2/6, para alertar que ainda temem um “apagão” da televisão a partir do próximo ano, quando o calendário do desligamento dos sinais analógicos alcança grandes metrópoles do país.

“O que nos preocupa é que mais da metade da população brasileira ainda tem televisão de tubo em casa. E nem as primeiras tevês de tela plana já conseguem captar o sinal digital e precisariam do conversor”, disse o presidente da Abratel (leia-se, Rede Record), Luiz Cláudio Costa.

Como lembra o executivo, embora o processo de migração preveja a distribuição de conversores para até 14 milhões de beneficiários do Bolsa Família – que, portanto, poderão ter acesso à programação digital mesmo com aparelhos mais antigos – esse esforço ainda deixa muitos brasileiros de fora.

“Tem uma faixa da população que não faz parte do Bolsa família, mas que também não tem condições de trocar sua televisão. Essas famílias não vão ter dinheiro, ou na lista de suas prioridades, não terão condições de comprar um conversor digital ou um televisor”, afirmou Costa.

Nas contas das emissoras, 15 milhões de aparelhos de televisão são vendidos no Brasil a cada ano. Nesse ritmo, uma razoável parcela dos domicílios já está apto a receber os sinais digitais – a penetração dos equipamentos com acesso ao sinal digital passou de 2%, em 2010 e deve chegar a 54,5% até o fim deste ano – cerca de 62,8 milhões de aparelhos.

O diretor-geral da Abert (Globo e SBT), Luis Roberto Antonik, destaca ainda uma fonte adicional de preocupação: o edital da faixa de 700 MHz, que impôs às teles móveis a obrigação de distribuir os conversores e antenas aos mais pobres, não deixa expresso a instalação dos equipamentos.

“O edital não prevê instalação, o que vai exigir uma campanha muito competente para que as pessoas instalem antenas e conversores. E ainda temos um megadesafio de dotar os domicílios de antenas externas, menos suscetíveis às interferências que o LTE 4G provoca na TV Digital no mundo inteiro”, disse Antonik. “Vai ser um stress”, emendou.

As datas de desligamento estão próximas. Depois da cidade goiana de Rio Verde, em novembro deste ano, o calendário prevê o fim das transmissões analógicas em Brasília em abril do próximo ano, seguida de São Paulo, em maio, Belo Horizonte, em junho, Goiânia, em agosto, e Rio de Janeiro, em novembro.

Fonte: Convergência Digital

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jun 02

Obrigatoriedade: Novo PPB de TV com tela de LCD mantém exigência do Ginga em 90% dos aparelhos fabricados

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O Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) alterou o Processo Produtivo Básico (PPB) para fabricação de televisores com telas de LCD. Pela nova norma, publicada no Diário Oficial da União desta segunda-feira, 1º, os aparelhos deverão incorporar a capacidade de recepção de sinais digitais de acordo com as normas técnicas aprovadas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) para o Sistema Brasileiro de Televisão Digital Terrestre (SBTVD-T). Em no mínimo 90% das TVs produzidas deverá ser incorporada a capacidade de executar aplicações interativas radiodifundidas, de acordo com as Normas ABNT, tomando-se por base a quantidade total produzida.

Todos os modelos de televisores que disponibilizarem suporte à conectividade IP e que implementem o middleware interativo (Ginga) deverão garantir o acesso das aplicações interativas aos canais de comunicação. O recurso deverá vir instalado, pré-configurado e habilitado de fábrica. Porém, não se exige a interatividade full em todos os aparelhos.

A norma determina também que 20% dos circuitos impressos com funções específicas de processamento central (placas-mãe) terão que ser fabricados no país. Até o ano passado, esse percentual era de 12,5%. Para os demais circuitos impressos que não tenham funções de processamento central, o percentual para este ano é de 25%, tomando-se por base o total de placas utilizadas em todos os modelos de televisores, exceto placas-mãe, no período.

A partir de 1º de janeiro de 2016 25% dos circuitos impressos com funções específicas de processamento central (placas-mãe) terão que ser fabricados no Brasil, tomando-se por base o total de placas-mãe utilizadas em todos os modelos de televisores, no ano-calendário. Para o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, a alteração do PPB é mais um ajuste das condições de mercado.

Fonte: Tela Viva

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jun 02

Set-top-box: Primeiro desafio da EAD é reduzir preço do set-top na configuração definida

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A Entidade Administradora da Digitalização (EAD) do processo de desligamento da TV analógica terá como primeiro desafio fechar o pedido de cotação do set-top box na configuração aprovada pelo governo, num total de 14 milhões de caixinhas, que serão distribuídas aos beneficiárias do programa Bolsa Família. Estima-se que, nas cotações atuais, o preço da caixa na configuração pedida seja em torno de US$ 35 a US$ 36, mas com a perspectiva de que esse valor deva cair para perto de US$ 30, com a compra em escala dividida em 2016, 2017 e 2018.

A caixinha escolhida terá o middleware de interatividade Ginga C, 512 kB de memória RAM e 2 GB de memória flash, não terá conexão bluetooth, WiFi, nem modem 3G embutido, mas tem uma porta ethernet para ser conectada à banda larga fixa, se houver. Haverá duas entradas USB e os drivers adequados para receber um modem externo (dongle) 3G, 4G ou bluetooth. A caixa terá uma saída HDMI, uma RCA e uma entrada RF, para conexão com a antena de TV. Os dois fluxos de vídeo, ao invés de serem ambos de MPEG-4, serão MPEG-4 para o sinal HD e outro em MPEG-1, usado para o picture-in-picture das transmissões em Libras (linguagem de sinais).

Apesar da avaliação de que o preço estimado cabe no orçamento da EAD, de R$ 3,6 bilhões, há um esforço para a redução ao máximo do custo da caixinha. Já a inclusão de serviços interativos de terceiros (como aplicativos OTT embarcados) encontra resistências não só dos radiodifusores como das teles, que não querem que o set-top seja uma porta para a concorrência de serviços já existentes.

Em outra frente, o governo está tentando turbinar o set-top com o modem externo, mas nesse caso a resistência vem de outra fonte: o Ministério da Fazenda. A dificuldade aí é o ajuste fiscal e as limitações orçamentárias. Sabe-se que o Ministério do Desenvolvimento Social (MDS), que é diretamente responsável pelos benefícios aos inscritos no Bolsa Família, deseja oferecer outros serviços e até poderia alocar orçamento para o projeto, mas tudo isso depende do cenário de cortes.

Próxima batalha

A próxima grande discussão política envolvendo o Gired (Grupo de Implementação da TV Digital, coordenado pela Anatel) será definir os critérios para os investimentos em publicidade, o que também é parte das obrigações da EAD. Uma das hipóteses é que a veiculação das campanhas de esclarecimento sobre o processo de desligamento da TV analógica aconteça usando a própria TV como mídia, mas há uma discussão latente sobre se essa campanha seria remunerada pela EAD ou se os radiodifusores, como parte diretamente interessada, teriam que arcar com o ônus e ceder espaço para a divulgação gratuita.

Fonte: Tela Viva

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jun 02

TV Digital: Braço operacional da transição da TV Digital, EAD já tem presidente

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A empresa criada por Vivo, Tim, Claro e Algar para operacionalizar o desligamento dos sinais analógicos de televisão – e portanto a transição para a TV Digital – já escolheu seu presidente. Será Antonio Carlos Martelleto, que era diretor executivo da Embratel.

Engenheiro Eletrônico, foi pesquisador no Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações da Telebras. Em 1992 passou a atuar no setor de TV paga, passando por Globosat, Unicabo e Vivax. Em 2008 foi para a Embratel onde assumiu a direção de operações de DTH e mais recentemente vinha atuando como diretor executivo de solução e entrega.

A Entidade Administradora da Digitalização, ou simplesmente EAD, foi criada pelas operadoras móveis que adquiriram nacos de 700 MHz em leilão realizado no ano passado. Como previa o edital, elas ratearam os R$ 3,6 bilhões de capital dessa empresa.

A EAD tem como missão divulgar o desligamento analógico e distribuir aos beneficiários do Bolsa Família – cerca de 14 milhões – conversores, antenas e filtros que garantam a recepção dos sinais digitais. Também terá que atuar nos casos de interferência entre o 4G e a TV Digital. E, principalmente, medir se 93% dos domicílios em cada município recebem a TV Digital, patamar mínimo para o desligamento dos sinais analógicos.

Fonte: Convergência Digital

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