Martelo mais que batido. O Conselho Deliberativo do Fórum SBTVD confirmou o Java DTV como parte integrante da norma Ginga-J, componente da especificação do Ginga para conversores fixos e televisores com conversores embutidos, que segue agora para consulta pública na ABNT. Um processo com duração de 30 dias, previsto para ter início o quanto antes.
A consulta pública encerra uma capítulo da história da TV Digital no Brasil, libera as emissoras, os produtores de conversores e os desenvolvedores de software para darem início à criação de aplicações interativas, e abre mais uma etapa para os trabalhos do Fórum, que mais adiante precisará pensar em como certificar padrões mínimos de interatividade.
Em entrevista à coluna Circuito, o presidente do Fórum SBTVD, Frederico Nogueira, informou que houve uma renegociação com a Sun Microsystems – após a adesão do Peru e a promessa quase concreta da também adesão da Argentina ao SBTVD – e a empresa baixou em 15% o valor do Java Virtual Machine. Portanto, o preço máximo não chegou nos US 0,40 pretendido pela indústria. Mas, com os 15% de desconto, foi considerado bastante competitivo pela maioria.
“Esperamos agora que os primeiros conversores com Ginga comecem a ser vendidos já no último trimestre deste ano, quando também começarão a surgir as primeiras transmissões de aplicações interativas, já que muitas emissoras e desenvolvedores de software estão bastante adiantados”, afirma Frederico Nogueira.
Segundo o executivo, só depois do mercado consolidado, com as primeiras aplicações seguindo a norma já no ar, o Fórum se preocupará em, havendo necessidade, atuar mais ativamente na normatização das aplicações.
“Por hora, acreditamos que o selo DTV, já em uso na nossa campanha publicitária, é suficiente para atestar ao consumidor que os conversores e televisores identificados com ele são aderentes às normas definidas pelo Fórum SBTVD. Inclusive às normas Ginga”, explica Frederico.
Na próxima quinta-feira, a Sun fará nova apresentação do Java DTV para a comunidade de desenvolvedores Java, em São Paulo. Estarão presentes algumas das empresas “bem adiantadas” no desenvolvimento de aplicações interativas, como a Rede Globo e a a TQTVD, desenvolvedora do middleware AstroTV, uma das primeiras implementações do Ginga disponível no mercado, e que foi usada sexta-feira passada na demonstração de interatividade plena com a TV Digital aberta, com intervenção em tempo real na programação do SBT, durante inauguração da fábrica da MXT Industrial. Os modens Phoenix, da MXT, foram usados como canal de retorno da aplicação.
O modem é um “dongle”, como os vendidos pelas operadoras de telefonia celular para notebooks. Suporta chips com pacotes para comunicação de dados nos padrões GPRS e EDGE. Na demonstração feita na fábrica da MXT o modem foi integrado a um conversor STB da Visiontec.
“O legal deste modem é que ele integra um GPS. Infelizmente não chegamos a desenvolver uma aplicação que demonstrasse este potencial”, explica David Britto, diretor da Quallity e da TQTVD.
“O mais interessante da demonstração é que todos os elementos eram fabricados no Brasil: STB, Modem, Middleware e Aplicação. Quantos países são capazes disto?”, questiona David.