Até então utilizada pelo governo brasileiro como contrapartida para a adoção do SBTVD, padrão nipo-brasileiro de TV digital, a Linear, fabricante nacional de equipamentos de transmissão para radiodifusão, oficializou nesta quinta-feira, 17/11, a sua compra pela japonesa Hitachi Kokusai Electric. O negócio tinha sido anunciado no final de agosto, e o então presidente da Linear, Carlos Fructuoso, assumiu que o acerto foi necessário para ‘manter o fôlego do negócio em função da dificuldade de acesso ao crédito para financiamento de clientes’.
O acordo entre as duas empresas estabeleceu a criação da Hitachi Kokusai Linear Equipamentos Eletrônicos S/A (HKL), empresa que deve fechar este ano com faturamento de R$ 48 milhões. Apostando na decolagem de fato do mercado de TV digital, a companhia tem planos ambiciosos de crescimento. “Nossa expectativa é fechar 2012 com o dobro do faturamento de 2010 e quadruplicar este valor até 2015”, afirma Shigeru Kimura, presidente da nova empresa. O faturamento da companhia em 2010 foi de R$ 42 milhões.
Ele explicou que os antigos proprietários da Linear integrarão a diretoria da nova companhia e que um deles, Carlos Fructuoso, além da diretoria de relações institucionais, também fará parte do conselho da companhia.
Kimura salientou ainda que aquisição é parte da estratégia de expansão global da Hitachi Kokusai, principalmente na área de equipamentos para transmissão digital terrestre para redes de vídeo e sem fio. “A partir de nossa fábrica no Brasil vamos ampliar nossa atuação para os países da América do Sul onde o padrão nipo-brasileiro de transmissão está em fase de adoção e implementação”, disse.
Sobre as sinergias entre as duas companhias, o executivo ressaltou que a Linear tem hoje tecnologias relacionadas à projeção e fabricação de transmissores analógicos e digitais, com uma linha completa de produtos e um robusto histórico de vendas no Brasil. Por sua vez, a Hitachi Kokusai vai complementar este portfólio com tecnologias digitais, experiência em design, fabricação e confiabilidade. Na prática, a nova empresa vai fornecer transmissores de alta qualidade com preços acessíveis às empresas de radiodifusão.
O presidente da HKL lembrou que o mercado brasileiro de transmissão digital deve crescer R$ 1 bilhão até 2016, prazo para que a migração de sistemas seja concluída. Até lá, o objetivo da HKL é se tornar a maior empresa do mercado brasileiro de transmissores digitais.
Crise global
Questionados sobre os possíveis efeitos de uma crise global sobre seus planos de expansão, os executivos japoneses não demonstraram preocupação excessiva. Manabu Shimomoto, CEO da Hitachi Kokusai, lembrou que a decisão de investir no Brasil foi tomada antes que a crise tomasse as proporções atuais, mas que os planos foram levados adiante assim mesmo.
“Os problemas tendem a se alastrar, mas nossa estratégia de globalização prevê o estabelecimento de operações que sejam auto sustentáveis regionalmente. No caso da HKL, nosso foco inicial são os mercados da América Latina e da África”, disse.
Fonte: Convergência Digital