Interferência pode afetar TV e celular a partir de 2015
Problemas como falta de som e imagem devem ser causados pelo uso de faixas de frequência vizinhas
Edital da nova banda já vai prever investimento em equipamento preventivo; no Japão, custo atingiu US$ 3 bi
JÚLIA BORBA DE BRASÍLIA Estudos feitos por radiodifusores e teles mostram que a entrada em operação da TV digital e do 4G (internet de alta velocidade), no novo modelo que será implementado a partir de 2015, vai gerar interferência nesses serviços em algumas cidades do país.
Sem a adoção de medidas tecnológicas adequadas, o celular poderá deixar a TV sem som e imagem por alguns segundos, e a TV ligada poderá interromper a navegação no smartphone.
A própria emissão de sinal pelas antenas de TV ou telefonia pode afetar os serviços.
Com a digitalização, TV e internet 4G usarão faixas de frequência vizinhas, um dos motivos apontados para a interferência entre os serviços.
Estudos mais aprofundados para estimar em quais municípios isso ocorreria, formas de evitar o problema e os gastos envolvidos ainda estão sendo feitos, mas já se sabe que a maior parte dos casos de interferência deve ocorrer em grandes centros.
Para evitar que os usuários tenham de lidar com a situação, é necessário investir em equipamentos durante a instalação da nova infraestrutura das TVs e das teles.
Outros países que decidiram usar a frequência de 700 MHz para trafegar dados, como Japão e Reino Unido, enfrentaram problemas parecidos. No Japão, foram investidos US$ 3 bilhões para solucionar o problema (cerca de R$ 6,7 bilhões).
A Folha apurou que no Ministério das Comunicações o assunto vem sendo tratado com cautela. Para o governo, a interferência ainda é vista como capaz apenas de criar ruídos nos aparelhos ou leve tremor nas imagens. Mesmo assim, está decidido, internamente, que o edital para licitação da faixa irá incluir o repasse desses gastos.
O que se discute agora é qual será o modelo adotado: acrescentar o gasto no preço do lote a ser licitado ou criar uma regra que determine o pagamento posterior. A medida deve repassar os custos para as teles, consideradas as principais interessadas em viabilizar o uso da faixa.
Embora desde o ano passado as empresas de telecom já trabalhem com a internet de quarta geração, a interferência não acontece porque elas estão usando outra frequência, a de 2,5 GHz.
Os ruídos devem ocorrer quando passar a ser usada a faixa de 700 MHz, de interesse das teles porque os investimentos são menores, pois necessita de menos antenas.
Fonte: Folha de São Paulo