jun 23

A batalha pelo formato ideal do rádio digital brasileiro estacionou por exaustão. Iboc e DRM não se firmaram. É hora de deixar a digitalização para lá e partir para outros formatos? Insistir no que está aí ou tentar um sistema nacional como a TV? O assunto foi intensamente debatido durante o primeiro dia do evento Brasil Rádio Show, que começou neste 17 de maio, no Anhembi, em São Paulo.

Na mesa de debates sobre o tema “Viva o Rádio Digital”, André Barbosa, assessor especial da Casa Civil, diz que vai levar projeto à Câmara para montar o Comitê de Desenvolvimento do Rádio Digital, similar ao da TV. “Precisamos nos espelhar na experiência exitosa da TV digital, cujo fórum reúne desde 2006 todo segmento da indústria, universidades e radiodifusores, para dialogar sobre temas e interesses complexos. O amálgama de divergências permitiu a construção de um sistema ideal, e o mesmo deve ser feito no rádio”, argumenta.

O diretor de tecnologia da Abert, Ronald Barbosa, foi outro convidado do painel. Ele afirma que o modelo de rádio digital como era discutido acabou. “Mas ao mesmo tempo, ele está nascendo. Nós sabemos que a velocidade para decidir um padrão é incompatível com a aceleração tecnológica que vemos no mundo. Basta olhar como os celulares começaram, até chegar ao nível dos smartphones e tablets.” Para ilustrar o raciocínio, o diretor comparou o rádio digital com a adolescência: “A natureza nos ensina que para sermos maduros é necessário nascer, ter infância e tornar adulto. Isso acontece com toda tecnologia.”

Marco Túlio, gerente de Tecnologia do Sistema Globo de Rádio, afirmou que a experiência da CBN com o padrão norte-americano HD Rádio e com o europeu DRM mostrou que os dois sistemas são muito parecidos. Outra conclusão foi que o rádio AM não pode ser atendido com qualidade por ambos. “Os dois sistemas têm royalties e a pergunta que precisa ser feita é: qual o valor que isso tem para o anunciante, o ouvinte e o investidor?”, questiona.

Já o professor e doutor em comunicação pela UMESP, Flávio Archangelo, chamou a atenção para o problema dos royalties: “A digitalização precisa trazer incremento de informação e conteúdo para o radiodifusor. Tecnologias de comunicação não são só questões comerciais, elas precisam estar abertas para o uso de universidades e da sociedade de maneira geral. O governo brasileiro terá coragem de pedir a abertura de patentes dessas tecnologias?”

Fonte:FNDC

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