Um teste de campo, contratado pela Abinee, com o patrocínio Alcatel-Lucent, Motorola, Nokia e Qualcomm, ao CETUC/PUC, do Rio de Janeiro, realizado em Aparecida, no interior de São Paulo, teria comprovado que – nas situações mais desfavoráveis e extremas para a convivência entre o 4G e a TV digital,as técnicas de mitigação, entre elas filtros nos receptores e coordenação de engenharia, podem ser aplicadas sem maiores danos aos consumidores.
“Foi o primeiro teste com equipamentos 100% comerciais. Podemos garantir que é possível harmonizar”, frisou o diretor do grupo setorial de Telecomunicações da Abinee, Luciano Cardim. O resultado do estudo da CETUC/PUC, do Rio de Janeiro, é diferente do realizado pelos radiodifusores- que alegam problemas graves na convivência entre os dois sistemas na faixa de 700 Mhz e, por consequência, afirmam que o leilão deveria ser adiado.
O governo, apesar das críticas, manteve o seu cronograma – a consulta pública para o edital definitiva já está na rua e receberá contribuições até o dia 03 de junho. O leilão está programado para agosto e, de acordo com o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, deverá arrecadar R$ 8 bilhões para os cofres públicos. E a indústria de Telecom segue a linha do governo. “O leilão precisa ser realizado em 2014”, sustenta o diretor da Abinee.
O professor Carlos Rodriguez, da PUC/Rio, garante que o risco de ‘tela preta’ nas TVs por conta da interferência do LTE na TV digital é muito pequeno. “Não podemos dizer que problemas não poderão acontecer, principalmente, em áreas onde o sinal da TV for muito fraco e não há 100% de segurança. Mas o teste de campo em Aparecida, onde a TV de Aparecida, que usa o canal 52, e há a interferência do canal analógico dessa emissora, nos mostraram que os dois sistemas funcionam. O LTE, por exemplo, não deixa de transmitir dados em 4G por conta dessa interferência. E a TV também não deixou de funcionar”, sustentou o especialista.
O teste de campo foi feito a partir do uso do release 11, do LTE, padrão 3GPPP, para a faixa de 700 MHz, o último a ser publicado e que será o utilizado no Brasil para a oferta do 4G na faixa de 700 Mhz, a partir da realização do leilão. Foram usados equipamentos comeciais de LTE – ERB e smartphones) e recpetores de tV comerciais.
O estudo – patrocinado pelas indústrias presentes na Abinee, entre elas, Qualcomm, Alcatel-Lucent, Motorola e Nokia (ex-Nokia Siemens) – escolheu exatamente Aparecida para fazer os testes porque lá já há o canal funcionando no SBTVD, o padrão da TV digital brasileira, e haveria também a possibilidade de estudar a interferência de canais de cidades vizinhas, como Pindamonhagaba. Também houve testes laboratoriais em Xerém, na Baixada Fluminense.
“Não estamos dizendo que não haverá problemas. O uso dos filtros será necessário nos aparelhos de TVs, como a própria Anatel ja´desenhou e as teles terão que arcar com esse custo, ainda não contabilizado. Mas uma coordenação de engenharia resolverá as questões de mitigação. Há várias ações além do filtro, entre elas o redirecionamento das antenas, para melhorar a convivência entre os sistemas. Mas é fato que não há ‘impossibilidade’ dos dois estarem juntos”, sustentou Francisco Giacomini, diretor de Relações Governamentais da Qualcomm.
Com relação ainda aos filtros, Giacomini foi taxativo: Eles poderão ser colocados, na sua maior parte, nas TVs, uma parte nas Estações Rádio Base, mas nunca nos smartphones. “Não há como colocar filtros nos celulares. Isso é impossível”, garante. A Abinee como entidade também pede que aconteça a destinação de 45 Mhz + 45 Mhz para a oferta da banda larga móvel. Na proposta de edital em consulta, a Anatel fala de 40 MHz + 40 MHz, e 5Mhz+ 5Mhz, para a área de segurança.
“Não temos uma posição diferente da Anatel, só achamos que não é necessária uma faixa de guarda tão grande como os 5 Mhz solicitados pelos radiodifusores. Não há a necessidade de se perder espectro”, completa Luciano Cardim, da Abinee. O resultado dos testes do CETUC/PUC, Rio de Janeiro – feitos de janeiro ao dia 23 de abril – já foi entregue à Anatel e ao Ministério das Comunicações.
Fonte: Convergência Digital