Até o final de maio encerram-se os testes com os dois padrões para a digitalização do rádio que o Brasil deve adotar: o norte-americano In-Band On-Channel (IBOC ou HD Radio) e o europeu Digital Radio Mondiale (DRM). A expectativa da Associação Brasileira das Emissoras de Rádio e Televisão (Abert) e da própria DRM Brasil, fórum que representa a tecnologia, é que maio seja o mês-chave para a escolha do padrão. O Ministério das Comunicações (Minicom) já havia prorrogado o prazo final para o dia 9 deste mês. No entanto, testes remanescentes com o IBOC e um último teste com o DRM+ (versão evolutiva do DRM) em Brasília (DF) atrasaram esse cronograma. O diretor geral da Abert, Luiz Roberto Antonik, trabalha com uma data ideal, entre os dias 19 e 21 de junho, que é quando ocorre o 26º. Congresso Brasileiro de Radiodifusão.
Nessa ocasião, espera-se que o Minicom anuncie os resultados dos testes com ambos os sistemas – IBOC e DRM – e faça uma opção pela tecnologia que digitalizará a transmissão radiofônica no Brasil. Segundo o Minicom, há uma série de emissoras FM e AM em Brasília, São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte que têm conduzido os testes essas tecnologias. A avaliação final, que leva em conta a área de cobertura, as condições de propagação nas diferentes regiões do Brasil, a qualidade do sinal e adequação às regras estabelecidas pelo Sistema Brasileiro de Rádio Digital (SBRD), dará ao Minicom os elementos para a escolha do padrão. “Até o momento, o Minicom não divulgou nenhum relatório sobre os testes com o DRM ou com o IBOC”, diz Antonik, da Abert. Mas, depois de cinco anos, o fato é que o debate sobre o rádio digital evoluiu. “Com o governo Dilma, deslanchou”, admite o diretor da Abert. O rádio é o único meio que ainda não iniciou a migração do sistema analógico para o digital.
O secretário de Serviços de Comunicação Eletrônica do Ministério das Comunicações, Genildo Lins, já afirmou que, ao final dos testes, o Minicom terá um resultado técnico para definição que qual é a melhor tecnologia para, a partir dessa definição, começar a debater sobre a indústria (equipamentos) e relações internacionais (know-how tecnológico e royalties) para definir o modelo a ser adotado. Ou seja, será um processo longo e bastante similar ao que foi feito com o Sistema Brasileiro de TV Digital (SBTVD), que é um híbrido do padrão japonês ISDB com funcionalidades desenvolvidas pelas universidades brasileiras. O governo brasileiro deve adotar o mesmo princípio para o rádio digital e exigir do padrão escolhido (europeu ou norte-americano) contrapartidas que, muito provavelmente, envolvem transferência de tecnologia e uma espécie de ‘tropicalização’ do sistema.
Fonte: FNDC